A Liturgia do Natal
Natal não é festa de uma ideia, mas é a festa que celebra
a nossa salvação
É no ano 336
que temos a primeira notícia da Festa do Natal, ocorrida emRoma. Por intermédio
de Santo Agostinho, temos conhecimento de que essa festa era celebrada no
século IV também na África. Também na Espanha, no final do século IV, o Natal
já era celebrado.
A data 25 de
dezembro não é confirmada historicamente como oficial ao nascimento de Jesus.
Segundo estudiosos, a explicação mais provável nasce na tentativa de a Igreja
de Roma suplantar a festa pagã do “Natalis (solis)
incicti”.
Foi no
século III que se difundiu no mundo greco-romano o culto ao sol. Foi o
Imperador Aureliano (275 d.C.) que deu a esse culto uma importância oficial.
Assim, o culto ao sol tornou-se um símbolo da luta pagã contra o Cristianismo.
A data principal dessa festa era 25 de dezembro. Era celebrada no solstício 1
de inverno e representava a vitória anual do sol sobre as trevas. Visando
purificar essa celebração pagã, a Igreja deu a ela um significado diferente,
tendo como base uma rica temática bíblica: Lucas 1,78; Efésios 5,8-14. Enquanto
celebrava-se o nascimento do sol, a Igreja apresentou aos cristãos o nascimento
do verdadeiro Sol: Cristo, que apareceu ao mundo após longas noites de pecado.
Celebrar o
Natal é celebrar o Sol da Vida, que nos ilumina com Sua graça salvadora. É a
Luz de um novo tempo que nasce em nosso coração e deseja fazer morada
definitiva em nós.
São Leão
Magno, em seu "Sermão de Natal", escreve: “O
Natal do Senhor não se apresenta a nós como lembrança do passado, mas o vemos
no presente”. Fazemos memória presente do nascimento de
Cristo em meio à nossa frágil humanidade. Natal não é festa de uma ideia, mas é
a festa que celebra a nossa salvação. A Festa do Natal é o ponto de partida para
nossa salvação realizada por Cristo.
O Tempo do
Natal começa com as primeiras Vésperas do Natal e termina no domingo depois da
Epifania (entre 2 e 8 de janeiro). Interessante ressaltar que a Liturgia do
Natal do Senhor se caracteriza por quatro Celebrações da Eucaristia, assim
distribuídas:
1 – Na tarde do dia 24 se celebra a Missa vespertina . Esta
Missa tem caráter festivo, com o canto do Glória e a Profissão de Fé.
2 – Na noite de 25, em geral à meia-noite, celebra-se a
primeira Missa do Natal do Senhor.
3 – Ao alvorecer se celebra a segunda Missa do Natal.
4 – Durante o “dia”
de Natal se celebra a terceira Missa da festividade.
A solenidade
do Natal prolonga sua celebração por 8 dias contínuos, conhecidos como: Oitava
do Natal.
Cada uma
destas quatro Missas tem Leituras e Orações próprias, a saber:
1 – Missa da Vigília: Primeira Leitura: Is 62,1-5; Salmo
Responsorial: Sl 88; Segunda Leitura: At 13,16-17.22-25; Evangelho: Mt 1,1-25.
2 – Missa da Noite: Primeira Leitura: Is 9,1-6; Salmo
Responsorial: Sl 95; Segunda Leitura: Tt 2,11-14; Evangelho: Lc 2,1-14.
3 – Missa da Aurora: Primeira Leitura: Is 62,11-12; Salmo
Responsorial: Sl 96; Segunda Leitura: Tt 3,4-7; Evangelho: Lc 2,15-20.
4 – Missa do Dia: Primeira Leitura: Is 52,7-10; Salmo
Responsorial: Sl 97; Segunda Leitura: Hb 1,1-6; Evangelho: Jo 1,1-18.
Natal é
tempo de festa e alegria. É tempo de estar unido à comunidade celebrando o dom
da vida manifestada no nascimento de Jesus Cristo. Celebrar o nascimento de
Cristo é estar unido à Igreja em todo o mundo que se une na fé e na esperança
de um novo tempo. A participação nas Missas é fundamental, pois nos reunimos em
comunidade, na qual o Cristo se revela a cada um de nós e a todos por meio do
Pão da Palavra e do Pão da Eucaristia. Para melhor participarmos destas
celebrações é interessante meditarmos antecipadamente as Leituras que serão
proclamadas durante a Missa. O silêncio exterior e interior é oportunidade para
melhor celebrarmos o Sol da Vida, que nos ilumina com Seu amor salvífico.
Padre Flávio
Sobreiro
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